Aids: descoberto anticorpo que anula 91% o vírus causador da aids

Cientistas do governo norte-americano descobriram um anticorpo capaz de neutralizar 91% das cepas do vírus HIV, causador da aids, informa o The Wall Street Journal. A porcentagem de cepas neutralizadas é muito maior do que a de qualquer outro anticorpo conhecido. A descoberta é considerada um avanço rumo ao desenvolvimento de uma vacina para a síndrome da imunodeficiência adquirida.

Os cientistas norte-americanos descobriram um total de três poderosos anticorpos. Ao analisaram em mais detalhes aquele que foi percebido como o mais forte dos três, os cientistas puderam identificar com exatidão em que parte do vírus o anticorpo age e de que forma ele ataca. A descoberta vem à tona dez dias antes da abertura da Conferência Internacional de Aids, em Viena.

Segundo dois estudos publicados nesta quinta-feira na edição online da revista especializada Science, um dos anticorpos recém-descobertos ataca um braço do vírus pelo qual ele se conecta às células que infecta. Como esse braço precisa se conectar a uma molécula específica na superfície da célula, esta é uma das poucas partes do HIV que não costuma apresentar muitas mutações.

Os anticorpos foram descobertos nas células de um homossexual afro-americano de 60 anos de idade, conhecido na literatura científica como Doador 45. Os anticorpos foram produzidos naturalmente pelo corpo do paciente. Os pesquisadores analisaram 25 milhões de células do Doador 45 até descobrirem 12 responsáveis pela produção dos anticorpos.

A questão primordial agora para os cientistas é o desenvolvimento de uma vacina ou de algum outro método que capacite o corpo de qualquer ser humano a produzir esses anticorpos.

Este esforço “exigirá trabalho”, observou Gary Nabel, diretor do Centro de Pesquisa de Vacinas do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas e um dos líderes da pesquisa que levou à descoberta. “Nós permaneceremos neste estágio por algum tempo” antes que seja possível ver algum benefício clínico do avanço científico, declarou.

No fim de 2008, o número de portadores do vírus HIV no mundo era de aproximadamente 33 milhões de pessoas. Segundo uma estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU), 2,7 milhões de pessoas contraíram o vírus naquele ano.

A produção de uma vacina é considerada pelos cientistas o “Santo Graal” das pesquisas com vistas à cura da aids. Outras vacinas capazes de ativar a capacidade de um organismo produzir anticorpos foram responsáveis pela diminuição de casos e até mesmo da erradicação da varíola, da poliomielite e de outras temidas doenças virais.

Vacina

No ano passado, depois de uma série de testes na Tailândia, foram anunciados os resultados da primeira vacina contra a aids a mostrar alguma eficácia. A vacina em questão, no entanto, reduzia as chances de infecção em apenas 30%, o que levou a controvérsias com relação à importância estatística da descoberta. A vacina não foi projetada para estimular a produção de novos anticorpos.

Wayne Koff, diretor de pesquisa e desenvolvimento da Iniciativa Internacional por uma Vacina para a Aids, qualificou a nova descoberta como “o renascimento” da busca para uma vacina contra o HIV. A iniciativa dirigida por Koff não tem fins lucrativos.

Anticorpos totalmente ineficazes ou capazes de desabilitar somente uma ou duas cepas do HIV são relativamente comuns. Até o ano passado eram conhecidos apenas uns poucos “anticorpos amplamente neutralizadores”, capazes de desabilitar variadas cepas de HIV. Nenhum desses anticorpos, no entanto, neutralizava mais do que 40% das cepas do vírus.

Ainda no ano passado, porém, graças a novos e mais eficazes métodos de detecção, pelo menos meia dúzia de “anticorpos amplamente neutralizadores”, inclusive os três pesquisados pelos norte-americanos, foram identificados em publicações especializadas.

A maior parte dos novos anticorpos também é mais potente, capazes de reduzir as concentrações de HIV a níveis bem inferiores em comparação com outros anticorpos conhecidos.

Dennis Burton, do Instituto Scripps, liderou uma equipe de cientistas que descobriu dois “anticorpos amplamente neutralizadores” no ano passado. Segundo ele, sua equipe descobriu inclusive alguns anticorpos ainda não relatados em pesquisas. Constatou-se que esses novos anticorpos atacam diferentes pontos do vírus, aumentando a esperança de que eles sejam capazes de operar em sinergia.

Numa pesquisa ainda não publicada, John Mascola, vice-diretor do Centro de Pesquisa de Vacinas e um dos autores do estudo divulgado hoje, demonstrou que um anticorpo descoberto pela equipe de Burton neutralizava praticamente todas as cepas resistentes ao mais fortes dos novos anticorpos descobertos, chamado VRC01, e vice-versa. Apenas uma de 95 cepas testadas mostrou-se resistente aos dois anticorpos. Mascola é um dos coautores dos estudos divulgados hoje. As informações são da Dow Jones.

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Mutação do vírus da AIDS depende da genêtica predominante de cada local.

As mutações do vírus da aids dependem da genética dominante de cada local do planeta, segundo um estudo internacional que contou com a participação de 2.800 pessoas infectadas pelo HIV.

Atualmente, as mutações do vírus são um dos principais obstáculos enfrentados pelos cientistas ao elaborar vacinas contra a aids, e o estudo revelou como o HIV escapa do sistema imunológico de forma diferente através de distintas mutações, conforme a genética predominante em cada região do planeta.

Os cientistas responsáveis pela pesquisa informaram que a descoberta fará com que “possivelmente” seja necessário desenvolver diferentes vacinas adaptadas a cada região, devido às diferenças genéticas dos diversos grupos de população.

No trabalho, um grupo internacional de 40 especialistas cruzou os dados obtidos após investigar mais de 2.800 pessoas afetadas pelo HIV, procedentes de 9 regiões dos 5 continentes, para averiguar os principais fatores da diversidade do vírus.

Embora não tenham sido esclarecidos os motivos pelos quais o vírus afeta de forma tão desigual segundo cada ponto do planeta, foi possível deduzir que este fato repercutirá na criação da vacina.

O estudo destaca que era necessário investigar quais partes do vírus são “atacadas” pelas células T – que seriam responsáveis pelo controle parcial da propagação do HIV -, e quais delas podem resistir a um ataque por mutações rápidas.

A investigação permitirá elaborar vacinas que potencializem a resposta imune às partes do HIV que nunca poderão resistir a este ataque.

A resposta ao vírus é realizada por vários genes (os HLA), e o estudo demonstrou que as diferenças entre os HIV em nível global são causadas, em grande medida, pela evolução dos vírus segundo o perfil genético local predominante.

Concretamente, nas zonas onde eram mais frequentes determinados genes HLA, o vírus tinha modificado algumas de suas proteínas para escapar do sistema imune das pessoas infectadas e ser “invisível” às células T.

O estudo foi publicado  na versão digital da revista “Nature”.

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Vírus da aids em chimpanzés pode ser o elo perdido do HIV/ AIDS virus in chimpanzees may be the missing link in HIV

A aids chega ao mundo dos chimpanzés. Trata-se de um vírus, similar ao da aids, que mata esses animais rapidamente. O cientistas acreditam tratar-se do elo perdido para a evolução do HIV, informou estudo publicado na revista científica Nature. Pela primeira vez, a doença apresenta alta taxa de mortalidade entre os primatas, além dos seres humanos. E os chimpanzés também são os primatas mais semelhantes ao ser humano.

A descoberta da doença, que afeta esses macacos, poderá ajudar os médicos a descobrirem melhores tratamentos, ou até mesmo uma vacina, para seres humanos, dizem especialistas. Ainda de acordo com eles, esse vírus preenche a lacuna entre um vírus que não faz mal a macacos infectados e outro que mata milhões de pessoas.
O vírus que causa a aids entre os macacos é chamado vírus da imunodeficiência símia (SIV), mas a maioria dos animais que o adquirem não demonstra sintomas ou doença. Então, “se conseguirmos descobrir por que os macacos não adoecem, talvez possamos aplicar isso aos humanos”, diz a principal autora do estudo, Beatrice Hahn, da Universidade do Alabama em Birmingham.